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terça-feira, 5 de outubro de 2021

Les Fleurs du Mal



Trechos
Do livro de
Charles Baudelaire..
Flores do mal.
Teu ar,
teu gesto,
tua fronte
São belos qual
bela paisagem;
O riso brinca
em tua imagem.

Qual vento
fresco no horizonte.
A mágoa que te
roça os passos
Sucumbe à tua
mocidade,
À tua flama,
à claridade

As fulgurantes,
vivas cores
De tuas vestes
indiscretas
Lançam no espírito
dos poetas
A imagem de
um balé de flores.

Tais vestes loucas
são o emblema
De teu espírito travesso;
Ó louca por quem enlouqueço,
Te odeio e te amo, eis meu dilema!
Certa vez, num belo jardim,
Ao arrastar minha atonia,
Senti, como cruel ironia,
O sol erguer-se contra mim;
E humilhado pela beleza
Da primavera ébria de cor,
Ali castiguei numa flor
A insolência da Natureza.
Assim eu quisera uma noite,

Uma larga e funda ferida,
E, como êxtase supremo,
Por entre esses
lábios frementes,
Mais deslumbrantes,
mais ridentes,
Infundir-te, irmã,
meu veneno!


Quando a hora da volúpia soa
Às frondes de tua pessoa
Subir, tendo à mão um açoite,
Punir-te a carne embevecida,
Magoar o teu peito perdoado
E abrir em teu flanco assustado
Quando a hora da volúpia soa,
Às frondes de tua pessoa
Subir, tendo à mão um açoite,
Punir-te a carne embevecida,
Magoar o teu peito perdoado
E abrir em teu flanco assustado





Minha doce irmã,
Pensa na manhã
Em que iremos,
numa viagem,
Amar a valer,
Amar e morrer
No país que é
a tua imagem!
Os sóis orvalhados
Desses céus nublados
Para mim guardam o encanto
Misterioso e cruel
Desse olhar infiel
Brilhando através do pranto.
Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.
Os móveis polidos,
Pelos tempos idos,
Decorariam o ambiente;
As mais raras flores
Misturando odores
A um âmbar fluido e envolvente,
Tetos inauditos,
Cristais infinitos,
Toda uma pompa oriental,
Tudo aí à alma
Falaria em calma
Seu doce idioma natal.
Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.
Vê sobre os canais
Dormir junto aos cais
Barcos de humor vagabundo;
É para atender
Teu menor prazer
Que eles vêm
do fim do mundo.
Os sangüíneos poentes
Banham as vertentes,
Os canis, toda a cidade,
E em seu ouro os tece;
O mundo adormece
Na tépida luz que o invade.
Lá, tudo é paz e rigor,
Luxo, beleza e langor.