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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Vendo o Rio

O HOMEM,  para lembrar uma velha expressão de Lévi-Strauss, é o maior vilão da natureza.
Ele a modifica, degrada, abusa e chega
a criar a perspectiva de destruir a própria vida com as armas nucleares e o aquecimento global, em nome do progresso que parece caminhar para o suicídio.
Mas, às vezes, a natureza reage, sem aviso nem previsão, numa revolta que atinge ela própria, quebrando a harmonia e as leis que ela parecia ter construído.
 
São terremotos, maremotos, furacões, tsunamis, enchentes, vulcões, desertificação e vários outros maus humores que se manifestam em grande e em pequena escala.
A nossa sensação é que a Terra ainda não se acomodou e, como um ser vivo ..

se retorce, serpente que não renuncia
à liberdade e não se deixa amarrar.
Agora mesmo nós VEMOS
tragédias dessas,
que deixa nossos corações partidos
não somente com as conseqüências materiais mas principalmente com os dramas humanos.
São famílias inteiras que desaparecem nas águas,
que são sepultadas pelos deslizamentos.
Os agricultores, gente que passou seus anos de vida misturados com o trabalho da terra,
o amor às plantas, como um raio,
vêem essa própria terra
e árvores enfurecidas se voltarem
contra eles, sepultá-los.
E vendo as crianças
que nem chorar podem,
porque os olhos, ainda ignorantes
de tudo, ainda brilham na espera
dos que jamais chegarão.
São os relatos de ver casas
construídas pelo trabalho duro dos anos,
tragadas pelas avalanches
e pelos deslizamentos.
Todos choram,
os olhos são feitos
para ver e para chorar,
como dizia o Padre Vieira,
porque os cegos choram
e não vêem,
e os que vêem choram
para ver.
é um alerta da "Mãe Natureza".
Está na hora de parar de achar
que esse tal de aquecimento global
e essa tal de mudança climática
são devaneios de lunáticos
que não têm o que fazer.
A natureza está mandando sinais
de alerta, que o homem agrava
ao desenvolver cidades e povoados
perigosamente margeando os rios
e desrespeitando o limite de 20% de inclinação
das encostas para construir suas casas,
pobres ou ricas..
Em todas as calamidades assim,
possivelmente o maior número de mortos
e desabrigados é justamente
entre os que habitam as encostas.
A chuva excede a média,
o rio transborda, a terra se afofa.
As casas vêm abaixo junto com a
água, a lama e os seus moradores.
Até a próxima tempestade,
os próximos desabamentos,
as próximas mortes.
É difícil escrever num momento
assim do mundo indiferente,
mas é impossível ficar indiferente
e não escrever nada.
Até porque as chuvas passam
e vêm o desabastecimento,
a desordem, a falta de estradas, de água
tratada e de luz e o imenso risco..
Sem falar na dor de milhares, que ficam
para sempre desamparados.