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domingo, 26 de julho de 2009

futuro


Aos 13 anos de idade, no final dos anos 1960, o clímax do entusiasmo de qualquer menino era ver....um foguete Saturno-5, pasrtindo, o mesmo que levou o homem à Lua em 20 de julho de 1969. Depois da Lotus verde de Jim Clark, claro, que voava baixo na Fórmula 1. Tudo de bom ainda era "made in USA", como as cobiçadas calças Lee (Clark, um escocês, e a Lotus, escuderia inglesa, excediam-se só para confirmar a regra).Hoje as façanhas da corrida espacial são produzidas na China, como tudo o mais. Prepara-se a Longa Marcha para a Lua e, talvez, Marte. A empreitada soa tão verossímil quanto a consagração do vocábulo "taikonauta" no dicionário espacial, ao lado de "astronauta" (Estados Unidos) e "cosmonauta" (ex-União Soviética).Naquela noite de julho em Iomerê, há 40 anos atrás, foi preciso encontrar um aparelho de TV. Poucas casas tinha e contavam com o eletrodoméstico de luxo. Pai e filhos acabaram por encontrá-lo no casebre de um dos moradores permanentes.Foi uma grande decepção em preto-e-branco. Era péssima a qualidade da imagem recebida pelo par de antenas em V, apesar dos suplicantes chumaços de palha de aço na ponta. Manchas e fantasmas se arrastavam pelo que bem poderia ser um cenário montado com queijo suíço, como pronunciou um dos céticos presentes.O feito se confirmaria depois com as famosas fotos da câmera Hasselblad nas revistas ilustradas. Duvidava quem queria, e acreditava quem tinha imaginação e fé na tecnologia. Revolução Verde, Guerra Fria e Era Atômica iam de vento em popa.O pouso na Lua não foi só o ápice da corrida espacial. Foi também o passo inicial do turbocapitalismo que dominaria as três décadas seguintes. Dependente, porém, de matérias-primas do século 19: aço, carvão, óleo.Lançar-se ao espaço implicava algum reconhecimento dos limites da Terra. Ela era azul, mas finita. Com o império da tecnociência ascendeu também sua nêmese, o movimento ambiental, como assinalou Marcos Nobre neste jornal.Fixar Marte como objetivo para dentro de 20 ou 30 anos, hoje, parece tão louco quanto chegar à Lua em dez, como determinou John F. Kennedy. Não há um imperialista visionário como ele à vista, e isso é bom. A ISS (estação espacial internacional) representa a prova viva de que certas metas só podem ser alcançadas pela humanidade como um todo, não por nações forjadas no tempo das caravelas.Uma missão a Marte trará outros benefícios para o imaginário terráqueo. Se Neil Armstrong e Buzz Aldrin encontraram na Lua um satélite morto, cinzento, desértico e coberto de cicatrizes, Marte serão outros 500.Em primeiro lugar, é um planeta de verdade, não um apêndice. Mais vermelho do que cinza. Em vez de crateras e mais crateras, algumas paisagens familiares aos humanos: vales, ravinas, dunas, montanhas. Um mundo morto mais recentemente, quem sabe apenas moribundo, com resquícios de água e de microrganismos.Marte é o futuro da humanidade. Ele nos fornecerá a experiência vívida e a imagem perturbadora de um planeta devastado, inabitável. Destino certo da Terra em vários milhões de anos. Ou, mais provável, em poucas décadas, se prosseguir o saque a descoberto de tanta energia fóssil pelo hipercapitalismo globalizado, inflando a bolha ambiental. Todo sucesso, portanto, à Missão Planeta Vermelho. Ela nos trará de volta ao Azul.